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História por Trás da Foto: Imagem mais reproduzida da história, retrato de Che Guevara faz 65 anos e continua político

ícones visuais como a pintura “Mona Lisa” (1503),óriaporTrásdaFotoImagemmaisreproduzidadahistóriaretratodeCheGuevarafazanosecontinuapolíorigem jogos de Leonardo da Vinci, e o registro de Marilyn Monroe com o vestido esvoa?ante parecem imbatíveis em termos de popularidade. No entanto, segundo o Instituto de Arte de Maryland, nos Estados Unidos, é o retrato de Che Guevara que detém o título de fotografia mais reproduzida de todos os tempos. A imagem que imortalizou o olhar profundo e a seriedade do líder da Revolu??o Cubana foi clicada pelo fotógrafo Alberto Korda em Havana, capital de Cuba, em mar?o de 1960. Um símbolo do século XX, a foto continua a marcar gera??es e grupos políticos de esquerda enquanto celebra 65 anos em 2025. Fotografia de Marilyn Monroe com o vestido esvoa?ante e a pintura “Mona Lisa”, de Leonardo da Vinci — Foto: Reprodu??o/Filme "O Pecado Mora Ao Lado" Reprodu??o/Louvre Em 4 de mar?o de 1960, o navio La Coubre explodiu no porto de Havana. A tragédia matou mais de 100 trabalhadores e feriu incontáveis pessoas. A embarca??o carregava toneladas de armamentos belgas, comprados pelo governo cubano e transportados secretamente para o Caribe. Até hoje, os detalhes da explos?o s?o imprecisos. O fotojornalista Alberto Díaz Gutiérrez, do jornal Revolución, foi enviado para a cobertura dos funerais, no Cemitério de Colón. Atualmente conhecido pelo sobrenome “Korda”, o rapaz n?o trabalhava como fotógrafo de guerra, mas sim de moda. Em 1959, no entanto, a revolu??o de Fidel Castro levou repórteres de áreas variadas a se especializarem em cobertura de conflitos. Entre os convidados do funeral, estava Che Guevara, médico argentino que liderava a Revolu??o Cubana. O evento fúnebre contou com um discurso de Castro, Primeiro-Secretário do Partido Comunista de Cuba à época. Em meio ao contexto da Guerra Fria, o político disse que a explos?o havia sido uma sabotagem dos Estados Unidos (EUA). — Estava fotografando as pessoas presentes na tribuna quando, de repente, vi o Che com esse olhar fixo no infinito, essa express?o decidida. E pensei comigo, "será um ótimo retrato de sua personalidade" — relembrou Korda, em entrevista da Agence France-Presse (AFP) publicada pelo Globo em 1989. — Foram feitas muitas fotos do Che. Mas nunca pensei que a minha rodaria o mundo. Alberto Korda com a imagem de Che Guevara numa mostra em S?o Paulo, em 1997 — Foto: Luiz Carlos Santos/Agência O GLOBO Para ajustar o enquadramento, o fotógrafo transformou a foto horizontal em um retrato vertical. No entanto, os editores do periódico cubano dispensaram a impress?o em preto e branco (P&B). Foram publicadas apenas as fotos de Castro, além de Jean-Paul Sartre e Simone De Beauvoir, dois pensadores convidados pelo político para o funeral. Poucas publica??es do país usaram a foto, popularizada mundialmente após a morte do guerrilheiro, em 1967. Korda n?o se desfez do registro: pendurou a imagem em seu apartamento. Encantado com o próprio trabalho, ele descrevia Che como um ser humano “irritado e magoado” e o chamava de “guerrilheiro heróico”. Tinha “uma for?a impressionante na express?o, dada a raiva concentrada em seu olhar após tantas mortes", repetia o fotojornalista. Especialista em Ciência da Imagem, o professor de fotografia Eduardo Marchesan é profundamente ligado aos registros de Alberto Korda. A admira??o levou o fotógrafo a Cuba duas vezes, em 2014 e 2019, e lhe deu a oportunidade de entrevistar Diana Diaz, uma das filhas. Marchesan passou mais de quatro horas com ela, presenciou as lágrimas de saudade do pai, fotografou a casa da cubana em detalhes e fez, até mesmo, um clique com a imagem original de Che. As viagens só confirmaram os palpites do pesquisador sobre a importancia de Korda: a marca dele para a história transcendeu à esfera profissional, já que se tornou amigo de Castro. O líder, por sua vez, n?o demorou a perceber “o olhar” e a capacidade do fotojornalista de projetar sua imagem de forma publicitária, identifica. “Há fotos do Che e do Fidel juntos, sem camisa, andando de barco pescando com o Korda. A filha disse que eles nunca pediram para n?o serem fotografados”, relata ele. Marchesan concorda que os três “tinham muita sintonia”, nos sentidos político, cultural e pessoal. — O mundo conheceu a Revolu??o Cubana a partir dos trabalhos de Korda. Os líderes globais eram pessoas velhas e de gravata. Cuba trouxe líderes novos, “cabeludos” e de bota. Criou o imaginário dos líderes da revolu??o. Segundo o professor, Korda mudou a linguagem de moda e publicidade para jornalismo, mas sem alterar a estética da foto. “Ele continuou com os mesmos planos, mas [atuando] como jornalista. Manteve o olhar de fotógrafo de moda e publicidade”. Che Guevara. O italiano Jim Fitzpatrick com o p?ster feito a partir da foto de Korda — Foto: Divulga??o Meses antes da morte de Che, o empresário Giangiacomo Feltrinelli visitou o fotojornalista, com uma carta de recomenda??o de Haydée Santamaría, ent?o presidente da Casa de las Américas (organiza??o responsável por promover o intercambio da cultura de Cuba com a de outros países latinos). O italiano havia viajado à Havana para obter a fotografia de Che e colocá-la no diário do guerrilheiro na selva boliviana. Ele fez duas cópias do retrato e as entregou gratuitamente, por respeito à recomenda??o e para evitar problemas com o regime cubano, que proibia a posse de moeda estrangeira e restringia a atividade privada. Herdeiro de uma das famílias mais ricas da Itália, Feltrinelli também era um militante esquerdista e transformou a fotografia em uma ferramenta de mobiliza??o política. Depois da morte do guerrilheiro, o italiano reproduziu e vendeu milh?es de cartazes com a foto de Korda, sem dar crédito ao autor. Logo, publicou o livro, que aborda a trajetória do argentino enquanto planejava a revolu??o, onde a imagem foi novamente usada sem atribui??o. — Na época, o direito autoral havia sido abolido em Cuba. Che foi morto dois meses depois do meu encontro com Feltrinelli. Com o livro, ele vendeu um milh?o de p?steres da minha foto, a cinco dólares cada — desabafou Korda. Ao longo das décadas, a ic?nica fotografia de Che Guevara se espalhou pelo mundo como símbolo revolucionário, porém seu criador permaneceu à margem do reconhecimento por muito tempo. Alberto Korda morreu em 25 de maio de 2001, aos 80 anos. Reprodu??es O retrato do líder da Revolu??o Cubana, Ernesto Che Guevara, foi explorado de inúmeras formas. A fotografia conquistou relevancia do campo artístico ao político. Ao longo dos anos 1960, o registro foi massivamente usado em protestos nas ruas da Itália, da Fran?a e dos EUA. Uma das vers?es mais ic?nicas do retrato surgiu em 1967, quando o artista irlandês Jim Fitzpatrick criou um p?ster estilizado. No ano seguinte, o americano Andy Warhol aplicou a mesma técnica gráfica usada em retratos de Marilyn Monroe e outras celebridades para criar múltiplas reprodu??es coloridas da imagem de Guevara. Décadas depois, em 2003, Madonna resgatou essa estética ao aparecer na capa do álbum “American Life”, em uma imagem inspirada na famosa foto de Alberto Korda. Che Guevara. Obra de Andy Warhol sobre imagem de Alberto Korda — Foto: Reprodu??o álbum "American Life", da Madonna, no qual a artista recria a famosa fotografia de Che Guevara. — Foto: Reprodu??o/Madonna A fotografia de Che continua a ser veiculada como símbolo de resistência política em todo o mundo. Quase 60 anos após sua morte, o rosto ainda ilustra cartazes, camisetas e bandeiras durante manifesta??es que questionam governos autoritários, denunciam desigualdades sociais ou criticam o modelo capitalista. Mesmo desvinculada do contexto histórico original, a figura do líder argentino foi ressignificada por novas gera??es e segue utilizada como ícone universal de luta e contesta??o. Direitos autorais Em 2000, o fotógrafo Alberto Korda criticou publicamente — pela primeira e única vez — o uso da foto, que foi usada em uma campanha de marketing de uma bebida alcoólica. “Utilizar a imagem de Che para vender vodca é uma ofensa. Ele nunca bebeu. A bebida n?o deve ser associada à sua memória imortal”, manifestou, em entrevista ao "The Guardian". Korda processou a agência publicitária que criou a campanha, a Lowe Lintas, e a Rex Features, responsável por comercializar a foto. A Justi?a determinou, em setembro de 2000, que ele deveria ser indenizado. A campanha foi retirada de circula??o. — Sou partidário dos mesmos ideais de Che, por isso n?o me oponho que reproduzam essa imagem no mundo inteiro para fortalecer sua memória e promover a luta pela justi?a social, mas n?o posso aceitar que a usem para vender álcool ou denegrir a imagem do guerrilheiro — replicou Korda. Che Guevara. Imagem reproduzida num muro em Havana, Cuba — Foto: Yamil Lage/AFP Mais recente Próxima De roda-gigante às salas de 'escape' de Agatha Christie e Raphael Montes: veja fotos da montagem da Bienal do Livro 2025 Argentina Bolívia Cuba Havana Mais do Globo .post-notifier-pushstream{ display:none}.bstn-fd .bastian-card-mobile,.bstn-item-shape,.tag-manager-publicidade-banner_feed_esppub--visivel .tag-manager-publicidade-banner_feed_esppub{ background-color:#fff;contain:layout paint style;margin:16px 0 0;overflow:hidden}.feed-media-wrapper{ margin:24px -24px 0}.bstn-fd-item-cover{ background-color:#ccc;background-position:50%;background-size:cover;height:0;overflow:hidden;padding-top:56.25%;position:relative;width:100%}.bstn-fd-cover-picture{ position:absolute;top:0;left:0;height:100%;width:100%}.bstn-fd-picture-image{ color:transparent;height:100%;width:100%}.feed-post-body{ padding:24px 24px 0}.feed-post-link{ display:block;text-decoration:none}.feed-post-header{ color:#333;font:16px/20px 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