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Com ecopontos, despejo irregular de lixo cai 10% no Rio; Zona Norte terá primeiro equipamento com atividades artísticas

No Complexo da Penha,áprimeiroequipamentocomatividadesartí10bet] o cenário mudou radicalmente: onde antes havia montes de lixo, mau cheiro e risco de doen?as, agora surgem murais coloridos, áreas verdes e um clima de pertencimento comunitário. O novo Ecoponto do Parque Proletário é o primeiro do Rio a unir descarte de resíduos, arte urbana e paisagismo. Os próximos a ganhar o mesmo modelo ser?o o da comunidade do Chapad?o, na Pavuna; e o de Acari, no Complexo de Acari. Imuniza??o: Shopping da Zona Norte abre centro de vacina??o gratuita Ioga nas favelas: Projeto forma professores que v?o receber para dar aulas gratuitas Atualmente, o Rio conta com 81 ecopontos em funcionamento, dos quais 41 est?o na Zona Norte. A meta é chegar a cem unidades até o fim de 2025 — 51 delas na regi?o — e até 2028 alcan?ar 280 espa?os distribuídos pela cidade. Criados para a entrega voluntária de resíduos, os ecopontos recebem materiais domiciliares, entulho, galhadas e bens inservíveis, como móveis e eletrodomésticos. O programa, iniciado em 2022, visa a organizar o descarte de resíduos sólidos, combater o lixo irregular nas ruas e prevenir a prolifera??o de vetores transmissores de doen?as. Cada unidade conta, em geral, com uma caixa compactadora para lixo domiciliar e duas caixas estacionárias para entulho, galhadas e bens inservíveis. O Ecoponto da Penha vai além dessa fun??o. Mais do que um local de coleta, ele se transforma em um espa?o de convivência e educa??o ambiental. Idealizado como projeto-piloto pela subprefeita dos Grandes Complexos, Marlí Pe?anha, em parceria com a Comlurb e outros órg?os da prefeitura, o ecoponto recebeu aten??o especial. Além das obras básicas de infraestrutura — como asfaltamento recuperado, cal?adas refeitas, ilumina??o renovada e fia??o organizada —, a unidade ganhou paisagismo e murais artísticos. Até o fim do ano, será também palco de oficinas de educa??o ambiental e atividades culturais para todas as idades. Obras do Museu do Comércio alteram paisagem próxima ao Engenh?o: veja como vai ficar — Nosso objetivo era que o ecoponto fosse muito mais do que um simples ponto de descarte. Queríamos trazer cor, arte, verde e vida para despertar o senso de pertencimento e incentivar a comunidade a cuidar do espa?o. Quando os moradores se veem refletidos no que os cerca, passam a preservar com mais carinho e orgulho — explica Marlí. O Ecoponto da Penha é o primeiro do Rio a unir descarte de resíduos com arte e paisagismo — Foto: Divulga??o/Carla Vallad?o Segundo ela, n?o basta limpar: é preciso educar e criar vínculo. — Queremos promover debates sobre reciclagem, oficinas de reaproveitamento criativo e até apresenta??es culturais. Pensamos em exposi??es temporárias com materiais recicláveis; concursos de arte com objetos que antes seriam lixo, como árvores de Natal feitas de garrafas PET; oficinas educativas e outras a??es culturais. O lixo, quando ressignificado, deixa de ser apenas resíduo: vira matéria-prima para a criatividade, a conscientiza??o ambiental e a transforma??o social. O espa?o será vivo, participativo e inspirador para quem mora aqui — completa Marlí. Ela informa que a experiência da Penha será replicada em outros bairros e regi?es da cidade. As pinturas que d?o vida ao novo espa?o s?o assinadas pelos funcionários-artistas da Comlurb Murilo Lemos e Derlan Matos, conhecidos por transformar muros e estruturas da cidade em telas a céu aberto. Nos murais, elementos da memória afetiva dos moradores aparecem em destaque, como a imponente Igreja da Penha, cart?o-postal do bairro. — Retratamos o que fala direto ao cora??o da comunidade: fé, história e identidade. A ideia é que cada pessoa que passe por aqui sinta que este espa?o é dela, que vale a pena cuidar e preservar. Arte é transforma??o, e ver um ecoponto virar ponto turístico para os próprios moradores é emocionante — diz Derlan. Cada ecoponto funciona diariamente, das 6h às 18h, acompanhado por garis que monitoram o fluxo de descarte. O material coletado é compactado e encaminhado para a Central de Tratamento de Resíduos (CTR-Rio), em Seropédica. Aqui tem Memória: Igreja da Penha e Estátua do Bellini passam a integrar projeto Embora as unidades n?o fa?am triagem de recicláveis, a Comlurb planeja integrá-las ao programa Recicla Comunidade, que permite a troca de materiais recicláveis por créditos em um cart?o social aceito em mercados e padarias locais. De acordo com o presidente da Comlurb, Jorge Arraes, os resultados já s?o perceptíveis. Em áreas antes críticas, como os complexos da Maré e do Alem?o, houve melhora significativa no aspecto urbano e na limpeza. — Esses espa?os reduzem riscos sanitários, evitam que o lixo vá parar nas ruas e ajudam a manter a cidade limpa. Hoje já temos capacidade de receber até 2.500 toneladas de resíduos por dia. Com as novas unidades, esse número vai crescer ainda mais — afirma. De acordo com a Comlurb, já se observa uma redu??o de aproximadamente 10% no volume de resíduos descartados irregularmente em áreas públicas na cidade, especialmente nas regi?es que contam com ecopontos em opera??o. Em média, cerca de 800 toneladas de lixo deixam de ser lan?adas nas ruas diariamente, gra?as à ades?o da popula??o aos ecopontos. Estudos preliminares também apontam correla??o entre a implanta??o das unidades e a queda nos focos de doen?as relacionadas ao lixo, como dengue e leptospirose, especialmente em regi?es mais vulneráveis. “Acabou a bagun?a de lixo, e as pinturas deram vida”, diz S?nia — Foto: Divulga??o/Carla Vallad?o A expans?o segue em ritmo acelerado, com novas unidades previstas para Pavuna, Morro do Salgueiro, Complexo da Maré, Complexo do Alem?o e Andaraí, entre outros pontos. — A Comlurb mantém um cronograma contínuo de inaugura??es, com ao menos uma nova unidade entregue por semana, aberta ao público logo após a conclus?o das obras — destaca Arraes, lembrando que esses eventos também têm caráter educativo e cultural. Nas inaugura??es, o grupo Chegando de Surpresa, formado por garis (entre eles Renato Sorriso), leva música e dan?a para engajar a comunidade, enquanto equipes de educa??o ambiental promovem campanhas sobre o uso adequado dos ecopontos e a importancia de preservar os espa?os. Segundo Arraes, a implanta??o é realizada, em grande parte, com o remanejamento de equipamentos e pessoal já disponíveis na estrutura da companhia, o que reduz custos adicionais de obras e opera??o. Essa economia também impacta a cidade: com menos descarte irregular, diminui a necessidade de caminh?es, pás carregadeiras e equipes extras em a??es emergenciais. Assim, os recursos podem ser redirecionados para medidas preventivas e manuten??o de rotina. A mudan?a já é percebida por quem vive no entorno. Moradora do Parque Proletário desde 1960, Odete Celina, de 77 anos, se emociona ao falar sobre a transforma??o: — A limpeza das ruas melhorou muito. Antes, havia muito lixo acumulado e o lugar estava desagradável. Agora a gente se sente bem. Venho trazer meu lixo, e até o da minha irm?, com prazer. Sempre admiro as pinturas, especialmente a da Igreja da Penha. Para S?nia Regina, de 59 anos, moradora e comerciante local, a diferen?a é visível. — Acabou aquela bagun?a de lixo. N?o vemos mais ratos, baratas e mosquitos. Dá satisfa??o viver em um lugar limpo e organizado. E as pinturas deram vida ao espa?o — afirma. Já o comerciante Johny Henrique de Almeida, de 37 anos, dono de uma loja em frente ao Ecoponto do Parque Proletário, acredita que o comércio será beneficiado. — As ruas est?o mais limpas e organizadas, e a coleta funciona até depois das 18h. Isso atrai clientes. As pinturas deixam o ambiente mais humano e agradável, e os moradores est?o se conscientizando de que o lixo tem que ir para o lugar certo — avalia. 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