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Setor industrial perde peso no PIB e enfrenta cenário de crise estrutural G20 no Brasil Valor Econ?mico.txt
Rafael Cagnin: “Brasil n?o conseguiu redefinir nova estratégia de desenvolvimento industrial” — Foto: Silvia Zamboni/Valor Após fechar 2023 em queda,áriodecriseestruturalGnoBrasilValorEcon?mega sena 31/12/2018 a indústria manufatureira avan?ou no Produto Interno Bruto (PIB) do país no primeiro trimestre e a produ??o industrial acumulou alta de 2,6% até junho, segundo o IBGE, mas os dados recentes s?o insuficientes para superar um cenário de crise estrutural. A produ??o ainda está 14,3% abaixo do nível recorde, atingido em maio de 2011. A participa??o da indústria no PIB despencou, na compara??o com os anos 1970 e 1980. A balan?a comercial da indústria manufatureira, em déficit desde 2008, registrou no primeiro semestre o pior resultado para o período desde 2014 - até julho, o rombo é de US$ 33,3 bilh?es. window._taboola = window._taboola || []; _taboola.push({ mode: 'organic-thumbs-feed-01-stream', container: 'taboola-mid-article-saiba-mais', placement: 'Mid Article Saiba Mais', target_type: 'mix' }); Por um lado, o cenário de crise estrutural é conhecido, suas causas s?o recitadas em verso e prosa por especialistas. Por outro, a indústria brasileira pode estar diante de oportunidades, abertas por um cenário de mudan?as na economia mundial, com a necessidade de descarbonizar as atividades e com uma corrida tecnológica em meio a tens?es geopolíticas. O diagnóstico de que o Brasil vive uma “desindustrializa??o precoce” é mais ou menos consensual. Estudiosos do desenvolvimento costumam ressaltar que a participa??o da indústria no PIB cresce nos países que passam de uma renda baixa para uma renda média, mas, posteriormente, na passagem para a renda alta, essa fatia volta a diminuir. O movimento é inerente ao desenvolvimento. Ocorre com o crescimento relativo do setor de servi?os, puxado pela demanda de consumidores de renda maior e de uma indústria mais sofisticada. E esse maior peso dos servi?os vem em detrimento do espa?o do PIB industrial e da agropecuária. A desindustrializa??o é classificada como “precoce” quando ocorre na fase em que a economia de um país ainda está na renda média, como é o caso do Brasil. A globaliza??o das cadeias de produ??o, estabelecida nas últimas quatro décadas, tem um papel nisso, ao deslocar boa parte da fabrica??o dos bens para países de baixo custo, com destaque para a ásia. Para explicar por que o Brasil ficou de fora e viu sua indústria desidratar antes da hora, economistas costumam citar também uma série de fatores domésticos, boa parte inserida no chamado “custo Brasil”. Alguns exemplos s?o infla??o e juros elevados, cambio desfavorável - quando a cota??o do dólar fica baixa demais, dificulta as exporta??es e favorece as importa??es de bens -, desequilíbrios nas contas do governo - que contribuem para infla??o e juros elevados -, incertezas políticas, inseguran?a jurídica, infraestrutura deficiente, o complexo sistema tributário, a má qualidade da educa??o, que resulta em m?o de obra pouco qualificada, e o elevado custo da energia. “N?o adianta nada termos uma política industrial e um certo protecionismo, se n?o resolvermos os problemas estruturantes”, afirma o presidente da Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira. Rafael Cagnin, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), chama a aten??o para o fato de que boa parte dos problemas estruturantes surgiu ou foi agravada pelas sucessivas crises econ?micas a partir do início dos anos 1980 e, principalmente, coincidiu com o esgotamento de uma estratégia de industrializa??o. Para Cagnin, o plano anterior, vigente desde os anos 1940 e 1950, com a substitui??o de importa??es como fio condutor, pode ser criticado, mas foi bem-sucedido no sentido de construir uma indústria nacional e impulsionar o crescimento econ?mico. O esgotamento, na passagem dos anos 1970 para os de 1980, se deu em meio a mudan?as na economia global que marcaram o início da globaliza??o das cadeias de produ??o e integraram a ásia a esse jogo. Nessa época, boa parte dos países asiáticos - Jap?o, primeiro, Coreia e China, depois - aproveitou a oportunidade para criar suas estratégias de desenvolvimento industrial. O Brasil ficou para trás, ressaltou Cagnin. “Nos anos 1980, o Brasil n?o conseguiu redefinir ou reencontrar uma nova estratégia de desenvolvimento industrial, num contexto internacional de profundas altera??es”, diz o economista. A perda de competitividade dos bens industriais produzidos no Brasil se reflete na balan?a comercial. O saldo entre exporta??es e importa??es está negativo desde 2008. Nos dados compilados desde 1997, o pior resultado foi em 2013, quando a demanda interna estava aquecida, atraindo importados. Economistas críticos da estratégia de desenvolvimento industrial via substitui??o de importa??es culpam a baixa produtividade do setor nacional como o principal problema para a falta de competitividade internacional. Esse é o ponto de estudo dos economistas Edmar Bacha, Victor Terziani, Claudio Considera e Eduardo Guimar?es, publicado em julho, no site do Instituto de Estudos de Política Econ?mica Casa das Gar?as. O estudo sustenta que a indústria perdeu tanta for?a no Brasil por causa do excesso de tarifas de importa??o, oriundos da política industrial vigente até os anos 1980. Com o mercado doméstico cativo e barreiras à concorrência de importados, há menos incentivos para buscar competitividade. Na prática, as indústrias instaladas no país se contentam com o retorno que obtêm sem precisar fazer pesados investimentos para ficar na fronteira tecnológica, explicou Considera. “Se a empresa n?o precisa competir porque a economia está fechada, n?o precisa investir para se tornar mais produtiva, n?o precisa inovar para aumentar a produtividade. Ent?o, isso diminui os investimentos.” Para Cagnin, n?o adianta aumentar a exposi??o da indústria nacional à competi??o, com a redu??o generalizada das tarifas de importa??o, sem uma nova estratégia de desenvolvimento industrial que se mantenha no longo prazo. E há uma oportunidade para colocar em prática um plano do tipo porque, assim como na passagem dos anos 1970 para a década de 1980, a economia mundial passa por mudan?as relevantes. As tens?es geopolíticas entre EUA e China parecem ter colocado um fim na globaliza??o das cadeias com a instala??o de linhas de produ??o na ásia. E a estratégia chinesa parece ser dobrar a aposta no desenvolvimento industrial, agora com foco na alta tecnologia, o que deverá inundar o mundo com mais produtos. Ao mesmo tempo, a necessidade de frear as mudan?as climáticas exige avan?os tecnológicos disruptivos. Na vis?o de Rafael Lucchesi, diretor de desenvolvimento industrial da CNI e diretor-superintendente do Sesi, é a hora para o Brasil apostar em políticas que apoiem indústrias nas quais o país já tem vantagens e que poder?o se beneficiar dessas mudan?as. é o caso da cadeia dos biocombustíveis, que pode ser acoplada à indústria automotiva. Inclui também uma série de setores intensivos em eletricidade, que busquem fontes renováveis de gera??o, como siderurgia, cimento e petroquímica.
