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Diplomacia do K-Pop: Como a Coreia do Sul usa a indústria cultural como ferramenta de política externa

Cerca de três meses antes de uma aguardada reuni?o de cúpula do ústriaculturalcomoferramentadepolíjogo do atlético goianiense ao vivofórum da Apec, a Coopera??o Econ?mica ásia-Pacífico, os ministros da Cultura do grupo se reuniram na cidade histórica de Gyeongju, na Coreia do Sul. Foi o primeiro encontro de alto nível sobre quest?es culturais e de economia criativa a ser realizado pela Apec, e que reflete os interesses estratégicos do anfitri?o: para Seul, uma potência do setor cultural, seus grupos de K-Pop, suas séries de TV (os K-dramas) e sua literatura n?o significam apenas lucro, mas sim, uma importante e influente ferramenta diplomática. Ego presidencial: Em reuni?o com Trump na Casa Branca, presidente sul-coreano apostou no ponto fraco do americanoEm meio a embate tarifário: Trump diz que vai comprar chips da Coreia do Sul Dias antes dos ministros da Apec se encontrarem em Gyeongju, o presidente sul-coreano, Lee Jae-myung, participou de um programa na TV voltado à discuss?o do presente e do futuro do K-Pop, uma das principais commodities culturais sul-coreanas. Ao lado de duas integrantes do grupo Twice, e da diretora de “Guerreiras do K-Pop”, Maggie Kang, ele ressaltou que o setor cultural será priorizado em seu mandato, e que deseja ver novos artistas em lugares de destaque no exterior. — O governo fornecerá uma base sólida para ajudar a Coreia a se tornar uma potência cultural orgulhosa. Nutrir e apoiar as artes puras é papel do governo, n?o do mercado. Assim como árvores altas crescem de grama bem cuidada, devemos garantir que o solo seja saudável — afirmou Lee. Cena de "Guerreiras do K-Pop" — Foto: Netflix/Reprodu??o O presidente disse que adotará o princípio do “apoio sem interferência”, com “um ambiente livre onde a criatividade possa prosperar” e sem “listas negras e regulamenta??es sufocavam a arte e a cultura” — uma referência a um índex mantido pelo governo da ex-presidente Park Geun-hye com mais de 9 mil nomes considerados “indesejáveis”, e descoberta após seu afastamento do cargo, em 2017. 'Gangnam Style': Psy é investigado na Coreia do Sul por esquema de remédios controlados Lee quer novas "vers?es" do Twice, grupo que acumula mais de 26 milh?es de ouvintes mensais na plataforma Spotify, além de alguns muitos milh?es de visualiza??es de clipes no Youtube, e de “Guerreiras do K-Pop”, que segundo a revista Variety deve ter uma segunda parte. — é importante mostrar tudo o que é nosso — concluiu. Com tarifa?o de Trump: EUA n?o venderam sequer um saco de soja para a China em mês crucial Na reuni?o em Gyeongju, conhecida como a cidade mais instagramável da Coreia do Sul, por seus marcos históricos e arquitetura tradicional, os participantes eram recepcionados pela imagem de Jennie, integrante do grupo Blackink. Em um tel?o no sagu?o do hotel onde ocorreu a reuni?o, era exibido o clipe da música “Zen”, no qual Jennie aparece usando roupas e ornamentos alusivos à cultura da regi?o. Jennie, cantora sul-coreana do grupo Blackpink, com roupas estilizadas que fazem referência ao reino de Silla, que existiu na Coreia do Sul — Foto: Filipe Barini Aos que acompanhavam uma rápida explica??o sobre a decora??o do sagu?o, com elementos do reino de Silla, que existiu por quase mil anos e tinha em Gyeongju sua capital, era oferecido como brinde o chaveiro de um tigre estilizado — animal reverenciado na Coreia do Sul, e que aparece com destaque em “Guerreiras do K-Pop”. Em outubro, antes da cúpula, haverá um festival com artistas de primeira linha da música local, como o grupo IVE, que lan?ou um novo álbum no final de agosto. Na sess?o de abertura, Chae Hwee-young, ministro da Cultura, Esportes e Turismo da Coreia do Sul, destacou como seu governo vê o setor cultural como ferramenta de diálogo. — Estou confiante de que o diálogo de hoje servirá n?o apenas como a primeira plataforma oficial dentro da APEC para deliberar sobre a coopera??o nas indústrias culturais e criativas, mas também como um marco claro que anunciará o início da prosperidade compartilhada por meio da cultura — afirmou. Destinado à promo??o do livre comércio na regi?o do Pacífico, o fórum da Apec reúne 21 países, com algumas das maiores economias do planeta e governos cujas rela??es est?o longe de serem pacíficas. à mesma mesa est?o, por exemplo, EUA, China e Rússia, além de Taiwan, considerada por Pequim uma província rebelde e cujo nome oficial no fórum é “Taipé Chinesa”. México, Chile e Peru s?o os representantes da América Latina. Diante das diferen?as, e de um ambiente hoje cada vez mais propenso ao isolacionismo — particularmente gra?as ao governo de Donald Trump nos EUA — a cultura, outrora relegada a um segundo plano em reuni?es como esta em Gyeongju, é mais encarada como um caminho estável para manter o diálogo entre os países. Mudan?a de rumo: Coreia do Sul desliga alto-falantes que tocam K-Pop como forma de propaganda para a Coreia do Norte Na declara??o final, os ministros afirmaram reconhecer “o papel crescente das indústrias culturais e criativas no crescimento econ?mico e seu papel em incentivar melhor compreens?o e respeito mútuo entre as economias membros da ásia-Pacífico”. Para o ministro Chae, em conversa com jornalistas — o GLOBO foi o único veículo da América Latina convidado para acompanhar a reuni?o —, a cultura é um dos poucos tópicos capazes de conectar as na??es e, ao mesmo tempo, permitir que cada um mantenha suas peculiaridades e individualidades. Um modelo hipotético do que poderia ser a diplomacia em tempos menos revoltos. — Esta é a primeira vez que abordamos esta indústria como um novo motor do crescimento regional — disse Chae, em entrevista coletiva. — Além disso, acreditamos que esta será uma grande oportunidade para nos tornarmos uma plataforma de coopera??o cultural entre as economias membros da Apec. A inclus?o de ministros da Cultura em diálogos de alto nível, como o da Apec em Gyeongju, é um elemento novo no cenário multilateral. No G20, que reúne as 20 maiores economias do planeta, a primeira reuni?o ministerial ocorreu em 2020, durante a presidência saudita do bloco, mas de maneira virtual devido à pandemia da Covid-19. Dentro do Brics, a reuni?o inaugural ocorreu em 2015, na Rússia, e a declara??o final defendeu a” coopera??o e o intercambio em diversas áreas da cultura”. Em um passado recente em termos de tempo, mas há anos-luz em termos políticos, a Coreia do Sul usou seu extenso arsenal cultural durante a aproxima??o com a Coreia do Norte, em 2018. O ent?o presidente Moon Jae-in e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, chegaram a apertar as m?os, em uma cena que parecia o início de um processo de apaziguamento entre duas na??es oficialmente em guerra desde os anos 1950. Kim Yo-jong, irm? de Kim Jong-un e n?o raro apontada como sua sucessora, também acompanhou a abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeongchang. Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in (D), e o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, se cumprimentam na pista do aeroporto de Pyongyang — Foto: Pyeongyang Press Corps / AFP Naquele mesmo ano, ocorreu em Pyongyang um festival conhecido como “A Primavera Está Chegando”: artistas tradicionais e estrelas do K-Pop, como o grupo Red Velvet, se apresentaram diante de uma plateia norte-coreana, com direito a uma foto ao lado de Kim Jong-un — pelas leis do país, consumir cultura sul-coreana, seja na forma de música, livros ou novelas (os famosos k-dramas) pode levar à pris?o. Mas as rela??es entre os dois lados do Paralelo 38 se deterioraram rapidamente depois disso, um processo que incluiu a destrui??o de um escritório destinado a negocia??es, o apagamento de men??es à reunifica??o da Coreia e o fortalecimento dos la?os com Moscou, a quem Pyongyang vê como um aliado necessário. Canal de notícias mostra imagens de coluna de fuma?a após a demoli??o do escritório de contato intercoreano em Kaesong, na Coreia do Norte — Foto: Jung Yeon-je / AFP Hoje, a aposta de Lee para quebrar o gelo n?o envolve mais o K-Pop, mas sim cortejos ao presidente dos EUA, Donald Trump: em reuni?o na Casa Branca na segunda-feira, o sul-coreano disse que o republicano "era o único que conseguiria fazer progresso", e deixou no ar a possibilidade de um encontro entre o americano e o norte-coreano em outubro, na cúpula da Apec, em Gyeongju. *O jornalista viajou a convite do Ministério da Cultura, Esporte e Turismo da Coreia do Sul Mais recente Próxima Sob o véu da incerteza: Europa enfrenta dilema de repatriar mulheres jihadistas do Estado Islamico Inscreva-se na Newsletter: Guga Chacra, de Beirute a NY Inscrever :root { --news-contextualizada-font: OGloboTitleFontBold,OGloboTitleFontFallback; --news-contextualizada-primary-color: #1e4c9a; } Chile China Coreia do Norte Coreia do Sul Donald Trump Estados Unidos Kim Jong-un México Peru Rússia Taiwan Mais do Globo .post-notifier-pushstream{ display:none}.bstn-fd .bastian-card-mobile,.bstn-item-shape,.tag-manager-publicidade-banner_feed_esppub--visivel .tag-manager-publicidade-banner_feed_esppub{ background-color:#fff;contain:layout paint style;margin:16px 0 0;overflow:hidden}.feed-media-wrapper{ margin:24px -24px 0}.bstn-fd-item-cover{ background-color:#ccc;background-position:50%;background-size:cover;height:0;overflow:hidden;padding-top:56.25%;position:relative;width:100%}.bstn-fd-cover-picture{ position:absolute;top:0;left:0;height:100%;width:100%}.bstn-fd-picture-image{ color:transparent;height:100%;width:100%}.feed-post-body{ padding:24px 24px 0}.feed-post-link{ display:block;text-decoration:none}.feed-post-header{ color:#333;font:16px/20px Arial,sans-serif;letter-spacing:-.32px}.bstn-aovivo-label,.feed-post-header-chapeu{ vertical-align:middle}.bstn-aovivo-label{ 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