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O novo n\u00e3o me choca mais'

A ascens?o dos outsiders foi um fen?meno marcante a partir das elei??es brasileiras de 2018. Seis anos depois,jogos de aula de piano a rejei??o à política tradicional permanece forte, mas o que de fato atrai o eleitorado para os novatos? E será que lulistas e bolsonaristas enxergam o "novo" da mesma maneira?Para responder a essas perguntas, o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Representa??o e Legitimidade Democrática (INCT ReDem), da UFPR, realizou uma pesquisa qualitativa ouvindo eleitores das classes C, D e E no estado de S?o Paulo. O objetivo era entender n?o só as preferências, mas as especificidades do eleitorado.

Montagem combina as faces de Jair Bolsonaro (PL) e do presidente Lula (PT) - Adriano Machado/Reuters Os resultados revelam que a demanda por renova??o política é transversal. A desilus?o com promessas n?o cumpridas e a indigna??o diante da corrup??o s?o sentimentos compartilhados por lulistas e bolsonaristas. Mas as similaridades param aí. Quando se trata de definir o que significa ser outsider e qual é o "novo" desejado, as diferen?as entre os dois grupos s?o nítidas. Entre os eleitores de Lula, há uma busca por figuras novas, mas com trajetória de compromisso social. A experiência política é valorizada quando associada a causas e resultados concretos. O outsider idealizado por lulistas é alguém que emerge de movimentos sociais ou trabalho comunitário, sem cair no vazio das promessas fáceis. Eles rejeitam tanto o discurso político tradicional quanto o clichê vazio "contra o sistema". O pragmatismo aparece na aceita??o dos partidos grandes como veículos necessários para viabilizar a governabilidade, mesmo que n?o se sintam representados por eles.Entre os eleitores de Bolsonaro, o outsider é visto como a principal via para renovar práticas políticas desgastadas, embora permane?a a dúvida sobre a real capacidade desses candidatos de transformar efetivamente o sistema político. O discurso antissistema ocupa um lugar central, e a inexperiência política, longe de ser um defeito, é reinterpretada como sinal de autenticidade e distanciamento dos vícios do establishment político. Há uma clara valoriza??o de figuras combativas, especialmente aquelas que enfrentam diretamente o que percebem como as engrenagens do sistema, seja nas redes sociais ou em confrontos simbólicos com as institui??es.